Lisboa tem mais luz e mais sol do que qualquer outra cidade do hemisfério norte que se conheça. Mais luz, mais sol e também aquela chuvinha chata no Inverno, que não nos deixa andar pelas ruas sem chegar aos empregos completamente encharcados e prestes a “curtir “ uma quinzena de infalível gripe.
E - surpresa das surpresas! - tem também mais de 3.000 horas de sol em média por ano, apenas um pouco menos do que o Algarve ou o Sul de Espanha e mais do que qualquer outra daquelas maravilhosas cidades cheias de luzes, lojas e perfumes do norte da Europa.
Portanto, já temos o sol e a chuva, só faltam os cuidados com a alimentação e com o solo para podermos viver num jardim florido à beira mar plantado, embora a propaganda política à época apregoasse que tal já acontecia…
Mas é claro que isso é uma mentira completa, facilmente
comprovada por quem já viajou para outros países menos dotados de sol (Canadá
ou Holanda por exemplo) e que sabe que jardim plantado é que nós não somos, com
certeza.
Basta prestar um pouco de atenção às janelas e varandas desta Lisboa. O que se vê em geral? Janelas com floreiras vazias ou com plantas esquecidas do ano anterior, entregues aos “cuidados” da poluição e do deus-dará, quando não com ervas daninhas perversamente debruçadas pelas paredes abaixo, mirando o transeunte nos passeios com ar pérfido e ameaçador.
Kalanchoe, junto aos fetos na varanda |
Comecemos então pelo princípio: o “aquecimento” mental!
Se você acha que a sua casa é o seu LAR, se adora a sua
cidade, se quer fazer da sua janela um jardim a espreitar para dentro, então
prepare-se para o seguinte: aprenda a viver com o relógio da Natureza. O que
quer isto dizer? Que como toda a gente sabe o ano tem doze meses e quatro
estações e cada uma delas existe com uma função específica para as pessoas,
assim como para as plantas e os animais.
Expliquemos isto melhor: em regra no Outono e no Inverno, as plantas descansam e preparam-se para um novo ciclo; na Primavera e no Verão, acordam e dão aquele ar de festa que nos faz andar mais alegres e mandar o patrão mais mal disposto às urtigas.
Ora isto equivale também a dois ciclos na vida do verdadeiro
Jardineiro, mesmo o amador:
1) um que tem início no fim do Verão e que consiste em
limpar os canteiros de flores e folhas
secas, arrancar raízes velhas e retirar pedras, detritos, etc;
2) outro que serve para preparar a sementeira e plantar
novas plantas que tenham sido compradas para esse fim e que em geral tem início
por volta de Março ou Abril de cada ano.
Se escolher espécies que durem de um ano para o outro
(perenes ou semi-anuais), então este último ciclo simplifica-se e fica mais
barato, porque com os cuidados devidos, as suas plantas durarão por mais de uma
época. Basta manter o terreno limpo e fértil.
No caso de ter uma varanda, ou floreiras, ou janelas que
permitam pendurar vasos, tenha em conta que para ter plantas deve estudar a
exposição ao sol dos pontos onde estas vão permanecer. Em geral os extremos
funcionam mal com a maioria das plantas, ou seja, muito sol ou muita sombra
prejudicam o desenvolvimento harmonioso dos vegetais, quando não matam por
completo algumas espécies.
Se só tiver janelas viradas a norte ou a sul, deve escolher
plantas muito resistentes, daquelas que necessitam de pouca luz e que suportam
algum vento. Se pelo contrário os locais onde as plantas ficam expostas forem
orientados para oeste (onde o sol se põe) ou para este (onde o sol bate só pela manhã), então
escolha plantas que suportem bem a luz.
Entre estes dois extremos ficam os locais mais adequados,
onde o sol bate durante umas horas, de preferência da parte da manhã quando
ainda não está muito forte ou ao fim da tarde quando já há alguma frescura.
Também nas varandas de Guimarães há Prímulas |
Prepare então bem o solo onde vai proceder à plantação: um
pouco de terra do tipo universal, um pouco de adubo orgânico (compra-se em
pacote) e areia de construção (sem sal). A mistura destes três ingredientes, em
proporções variáveis segundo o que se vai plantar, pode ser substituída por
substrato próprio para floreiras de janela ou terra para vasos. É uma solução
mais simples.
Mas escolha bem, pois deste aspeto pode depender o sucesso
das suas plantas na próxima estação e o consequente desperdício ou não do respectivo
investimento. Se fizer tudo bem no primeiro ano, verá que nos seguintes quase
basta limpar as folhas secas e juntar um pouco de adubo no momento próprio.
Os vasos ou os canteiros têm obrigatoriamente de ter uma
saída para a água em excesso. No fundo e antes de deitar a terra, para permitir
que a água escoe bem e que as raízes não fiquem mergulhadas em humidade por
muito tempo, ponha pedrisco ou tijolo partido pequeno.
Flores-de-cera numa vedação em Lisboa |
Escolha de preferência plantas da mesma família para
organizar um canteiro ou colocar em vasos que estejam lado a lado. O efeito é
multiplicador, melhor do que se alternar plantas com diferentes feitios e
cores, sobretudo se tiver apenas um exemplar de cada e cada um tiver altura
diferente da do outro. Perde-se a noção de conjunto harmonioso que se ganha
quando se vê uma mancha de cor e formato regular.
Depois, plante espécies jovens, com folhas que tenham brotado
recentemente, ou semeie no Outono ou na
Primavera, não se esquecendo de regar sempre que a terra pareça seca a 2 cm da
superfície. Ao ar livre a terra seca mais depressa e necessita de um pouco mais
de água do que a das plantas de interior, a menos que estas se encontrem em
ambientes aquecidos artificialmente o que por vezes é fatal!
Fertilize de quinze em quinze dias e regue uma vez por
semana sempre no mesmo dia. Mantenha as plantas da varanda debaixo de olho,
vigie-as e começará a aprender qual o ritmo com que se desenvolvem e quais as
necessidades que apresentam. Este aspecto é muito importante (mas não precisa
de falar com elas, basta olhar e ver como estão).
Quando isso acontecer com regularidade, quase como quando
respira sem dar por isso, verá que fácil é manter um canteiro ou uma janela,
emoldurada com cachos de cores que duram de março a outubro. Que outra capital
europeia se pode gabar de tal feito?
Porque será tão difícil manter plantas nas minhas floreiras 40x40, na marquise virada a nascente, em terra para raízes gulosas?
ResponderEliminarEstá a bater no teto um cato. Os catos de Natal estão lindos, em cestos pendentes de fibra de coco.
As Hoyas belas estão belíssimas...O pior é nas floreiras propriamente ditas! Já tentei tudo: begónias, pequenos arbustos, callas: morrem, ou ficam enfezadas de fazer dó!
E a marquise é junto á cozinha, impossível desviar os olhos! A Planta do Dinheiro (ao menos a planta!), as ervas da fortuna, enfim, as plantas que soltam as suas hastes, encobrindo a linda vista do Tejo, prosperam.
Que poderei plantar nas floreiras? Ajude-me, por favor! Quase não posso sair à rua, por motivos de saúde e as flores são a alegria dos meus olhos!
Moro em Almada. Na marquise a temeratura é amena, porque ao fundo há passarinhos.
Fico procurando, olhando desanimada, triste pela minha ignorância! Desculpe o meu atrevimento. Desejo tudo de bom na sua vida e agradeço muito quanto escreve no seu blogue, que sigo.
Difícil responder com a informação que disponibiliza. Não sei o que já plantou antes, mas presumo que a floreira tenha profundidade suficiente para raízes e também furos no fundo e argila dilatada (leca) para escoamento adequado da água de rega. Posso sugerir osteospermum ou petúnias, são resistentes, necessitam de solo sempre húmido e não gostam de muito vento. Dão belas flores que quando murcham devem ser retiradas com os dedos. Duram toda uma época, no ano seguinte pode plantar igual ou outra planta. Boa sorte, volte sempre.
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